segunda-feira, 30 de agosto de 2010

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ontem, 24 de agosto, fui trabalhar na horta de casa para concretizar em mim que se não houver uma boa e lenta preparação da terra, nada nasce. E nascer também tem seu tempo. E a chuva, o sol, o frio e as borboletas influenciam. E o dia e a noite também.

Je m'apelle...

Ontem, dia 24 de agosto, tive um dia muito agitado. Uma mistura de desconcentração, corpo na horta, excitação, marimbondos, uma hora ao celular, aula de francês, flertes, lua cheia, ônibus demorado, amiga quase terminando o namoro, supermercado às onze da noite, arroz com feijão à meia noite.
Acordei sem conseguir me mexer direito, dado o cansaço.
Meu corpo não aguenta minha mente.
Não tenho corpo que me suporte, literalmente.
Proponho uma velocidade com minha mente que minha materialidade não acompanha.
A coisa que mais tem me chamado a atenção é como o corpo é utilizado de uma outra forma aqui.
Eu, pelo menos, tenho tido uma necessidade imensa de ter um corpo que ocupe toda a sua potência, mas ele está a anos-luz disso.
Preciso exercitar meu corpo para que ele aconteça em sintonia com meu processamento mental.
E preciso exercitar minha mente para que ela harmonize com o tempo mais lento (orgânico?) que meu corpo pede.
Preciso me construir una. Preciso acabar com o Descartes que carrego. Corpo e mente precisam ser um todo orgânico que funcione mais ou menos harmoniosamente (claro que com os destemperos que temperam a vida). Aí acho que essa potência que tanto busco viver, ganhará mais um tracinho na escala de energia.
Ou seja, para conseguir concretizar ao menos alguma parte do que minha mente me joga, preciso ir pra academia!

Por que causa e afeto a distância faz com que cada pequeno centímetro da experiência tenha vontade própria de sair caminhando até os ouvidos e olhos dos nossos mais caros?
No dia vinte e quatro de agosto de dois mil de dez, no caminho que tem sido o de todos os dias, vi um avestruz....
E....
Bastou.

terça-feira, 24 de agosto de 2010

a cidade e o corpo


Levando em conta que as generalizações não são verdadeiras nem mentirosas, só incompletas (me apropriando de uma fala de Chimamanda Adichie
http://www.youtube.com/watch?v=O6mbjTEsD58), tive uma experiência muito impressionante sobre como o corpo pode ou não ser um organismo que cumpre a sua função de mobilidade e força.
E como a cidade pode contribuir para a configuração desse corpo que serve para a sua própria existência, exercendo toda a sua potência de organismo vivo, ou como ele pode ser a mistura disforme de ossos e carne que carrega seu cérebro para o escritório.
E então Descartes surge potente como nunca: mente que vai, corpo que fica.
Com a vontade de conhecer mais o novo habitat, propus a um amigo também paulista que nos aventurássemos em uma trilha que li ser a mais bonita da ilha.
Estava dado que a dificuldade era grande, mas aqui entra uma discussão sobre a importância de se conhecer os conceitos das coisas antes de se jogar numa dessas.
As trilhas consideradas mais difíceis pelo programa de trilhas do governo de São Paulo não chegam ao pé do morro desta que fizemos!
A paisagem sem dúvida é deslumbrante, principalmente se você chega com forças para vê-la!
De fato fiquei muito impressionada com a fraqueza de meu corpo e de como uma cidade se coloca ao corpo das pessoas.
Uma cidade como Florianópolis pede por um corpo ágil, ligado, em prontidão.
São Paulo pede um corpo também resistente; resistente há muito trânsito, muitas horas de trabalho e muita lotação no transporte coletivo. Ambas pedem um corpo resistente, isso é fato!

A Academia

É muito curioso como os homens criaram jogos e mais jogos para se entreterem enquanto o inexplicável do tempo passa. Jogos muito complexos, cheios de regras, truques, pontuações, casas a pular, rodadas a parar. É mesmo muito difícil lidar com a passagem dos dias vazios, com a besta inutilidade de levantarmos todos os dias e irmos deitar ao fim deles.
E não é que os jogos são muito bons de jogar! Divertidíssimos! É só não esquecer que são só jogos e que a vida é a vida.

domingo, 22 de agosto de 2010

Viver perto do mar está me dando a exata dimensão do meu tamanho e da minha potência.

caminho ao mar

Tenho saído para caminhar todos os dias; cada dia procurando um caminho diferente.
Mas não sei o que me acontece: todos os caminhos que passo me levam ao mar. Mesmo quando ele não está a caminho.

Os detalhes de sexta-feira, dia vinte.

Pessoas desconhecidas compartilharam falas em razão de um amanhecer digno da tarefa de conversar com estranhos num ponto de ônibus às 5 para 7 da matina.

As pessoas aqui param o carro para os pedestres atravessarem, não importa aonde os pedestres estejam.

As pessoas da graduação dessa faculdade de artes são muito semelhantes às minhas pessoas quando eu era da faculdade de artes. Seremos nós um gênero pertencente a uma mesma família?

Ao caminhar pela rua aqui de casa, avistei dois pássaros exatamente iguais aqueles que se desenha nos desenhos mais comuns do mundo. casinha-montanha-árvore-e-pássaros, sabem? Então, esses desenhos são muito realistas, porque os pássaros que vi são exatamente como nos desenhos.

A maratona e o aquecimento

Passei a última sexta enfiada na biblioteca da Universidade, disposta a cumprir uma carga horária de escritório: 8h diante dos livros e anotações.
Claro que não consegui. Primeiro porque não era mesmo para fazê-lo: quem disse que uma rotina rigorosa de estudos (como a que eu almejo) prescinde das mesmas horas do batente no escritório? Segundo porque mesmo que eu continuasse a querer a carga horária da labuta empresarial, isso não é coisa que se adquire de uma hora para outra.
A disciplina do estudo inclui inevitavelmente a disciplina do corpo. Não é sem treino que se pode contar com uma concentração e um condicionamento físico aptos a dar conta de tantas horas a fio na mesma tarefa. Conteúdo aprendido: para todo empreendimento de grande porte nessa vida há que se começar devagar. Não se corre uma maratona de um dia pro outro!
Na semana que vem não irei empreender a maratona da biblioteca, tentarei uma caminhada pelo bairro!

Quando o trajeto do ônibus faz chorar

Em São Paulo os trajetos de ônibus levam às lágrimas por motivos de infinito sofrimento. Aqui as lágrimas surgem por motivos de infinita beleza. Existem dois modos de realizar o trecho de casa até a Universidade. Um deles, pelo Centro, aparenta ser mais rápido; o outro, pela Lagoa da Conceição, aparenta beleza.
O trecho é feito em duas partes: Rio Tavares até o terminal da Lagoa e Terminal da Lagoa até Universidade. O primeiro passa por uma estrada repleto de casinhas de madeira encantadoras e trechos de mata fechada (pelo menos para os meus padrões de mata fechada) e o segundo desce o morro que separa os bairros.
É nessa descida, quando a vista abrange toda a Lagoa, o pedacinho do oceano e as dunas da Joaquina, que me escapam as lágrimas.
Dia e noite: meu corpo não controla a reação pela invasão da imagem.
É a forma do corpo de lidar com a beleza que suspende a respiração: ele transborda.

O cansaço da chegada

Como decidi fazer um blog na terceira semana da minha estada, as datas não necessariamente estarão par a par com a verdade dos acontecimentos. Também ficarão meio atrapalhadas as ordens dos fatos. Por mim, está feito!
Até conseguir me alcançar falarei no passado. Será o presente do passado. Existe este tempo verbal?
Bom, o início no começo.
No dia em que cheguei, fui recebida por um afetuoso e duradouro almoço caseiro. Depois dormi, dormi, dormi. Nunca me lembro de dormir.
A minha cabeça precisa alcançar o tempo lento que meu corpo pede.

Aquilo que move.

Há três semanas mudei. Na verdade, a mudança começou muito antes. Começou no dia que decidi mudar. Vim para Florianópolis por conta de um mestrado em Artes Visuais, mas antes, vim pela potência de vida contida numa mudança.
E como toda mudança afeta aquele que se quer sentir afetado, tenho me percebido tocada por detalhes.
E chegou um ponto que transbordou. Precisei pensar numa forma para o transbordamento. Precisava que fosse pública a forma, mesmo que pública só na minha fantasia.
E por que não me utilizar de ferramentas tão contemporâneas?
Cá estou eu!
Para quando a experiência transborda: texto, imagem, som!
A minha perspectiva da viagem, da mudança, da potência.
Bon-apetit!